sábado, 24 de agosto de 2019

TRILHA MÁGICA DE TAIPÚ DE FORA

A LENDA DA TRILHA MÁGICA DE TAIPÚ DE FORA
Há muitos e muitos anos, bem antes de que nossa península fosse considerada uma das maiores maravilhas naturais do mundo, uma família se instalou em Taipú de Dentro, procurando pela paz e pelo sossego de viver em Maraú, longe do progresso e das incertezas do mundo que caminhava a passos largos rumo à modernidade.
A família Anjos logo se fez amiga de pescadores e de indígenas que tinham resistido à colonização da península. Foram estes remanescentes, os verdadeiros nativos da região, que disseram que Zandra, a filha mais nova da família, era tão bela que só poderia ser a reencarnação de Saquaíra, a índia cuja beleza encantara um Deus que, em sua luta para conquistar o coração da guerreira da tribo Mayrahú, formara a cachoeira do Tremembé, a Ilha da Pedra Furada e todas as belezas da península.
Zandra não era só linda. Na flor de seus quinze anos era afoita e inteligente como o quê. Quando ouviu falar da “Barreta” (como antigamente era conhecida a praia de Taipú de Fora) ficou doida para conhecê-la e insistiu com o pai, a mãe, o irmão e as duas irmãs mais velhas. Ninguém quis levá-la ao outro lado da terra, onde o mar batia com força, onde havia recifes de corais e pedras que cantavam, onde havia sereias e boitatás e onde se dizia que a natureza era tão perfeita que ninguém conseguia fugir de seu encanto, sucumbindo nas águas do oceano ou na extensa mata que bordava a faixa de areia fina e deslumbrante por infindáveis quilômetros que iam do rio de Contas até o Mutá.
Ora, mas se havia tanta gente boa em Taipú de Dentro, também havia quem invejasse a bela menina da cor de azeviche e desejasse que ela simplesmente virasse sereia nas águas da Barreta.
Sônia, também bela e faceira, também jovem e esperta, logo viu seu domínio sobre os olhares da região fosse ameaçado pela chegada de Zandra. Mas Sônia tinha alguns anos a mais de vida, alguns romances extras de experiência e muito mais malícia que a menina ingênua que ainda conhecia pouco da maldade humana.
“Eu levo você, menina”, diria ela em um encontro quase casual. Vamos no dia da lua nova, que a maré baixa e você vai ouvir as pedras cantarem na Barreta.
Assim fizeram. O pai tinha saído para pescar antes da alvorada, a mãe aproveitou para mariscar na baía de Camamu e os irmãos estavam ocupados com tarefas as mais diversas.
Zandra seguiu a nova amiga por trilhas encantadoras entre seu vilarejo e o lado desabitado da península. Avistaram bromélias gigantes e orquídeas espetaculares. Cruzaram o caminho de sucuris, saguis e até viram pegadas da temida onça pintada, ainda abundante nesta região por aqueles tempos.
Ao chegarem à famosa Barreta, Zandra pensou que jamais veria nada tão belo, por mais que vivesse, que aquele pedaço do paraíso. Uma esplêndida praia de águas cristalinas,cercada por uma barreira de corais, formando a piscina natural que só poderia ter saído dos sonhos de perfeição do nosso criador.
Jogaram-se nas águas mornas sem medo de ser feliz. Nadaram durante muito tempo e só quando a menina se cansou é que se lembrou da pedra que canta.
Sônia a levou para cima das rochas formadas pelos corais.
“A maré já está subindo. É hora de ouvir o canto das sereias nestas fontes da Barreta.”
Encontraram uma brecha no coral, por onde a água fluía quando a maré voltava para inundar a praia e fecundar a areia.
Zandra encostou a orelha na cavidade apontada por Sônia e arregalou os olhos quando um ruído melodioso soprou pela fenda.
Uuuuuuôôôômmmmmmmmm...
Sônia a incentivou a procurar outras fontes de pedra para ouvir os diferentes cantos do mar e ela obedeceu.
Aproveitando-se do encantamento da menina, a vizinha invejosa foi se afastando e embrenhou-se na mata, para pegar o caminho de volta a TaipÚ de Dentro.
“A menina gosta do canto do mar?” Perguntou uma sereia, através de uma das fontes de pedra, onde Zandra foi escutar seu canto.
“Gosto muito!” Respondeu, assim que conteve seu espanto.
A sereia, então, fez com que a bela negra seguisse seu canto, até o limite da barreira de corais, nadando pelos tuneis submarinos, e colocou para fora da água sua parte humana, deixando a parte peixe sob o espelho d’água.
“Tome.” Estendeu-lhe uma linda concha. “Mesmo distante daqui, sempre que quiser ouvir meu canto, aproxime esta concha do ouvido e entoarei a cantiga do mar para você.”
Zandra exibiu o mais belo sorriso que podia e o deu de presente à sereia, em retribuição à joia que tinha acabado de receber.
A princesa do mar deve ter ficado satisfeita com o sorriso regalado pela menina, pois também sorriu e saltou para o alto, mergulhou de volta no mar e desapareceu sob as águas.
Foi só neste momento que Zandra se lembrou de Sônia. Voltou o olhar para a praia, para mostrar à amiga o presente que recebera da sereia e a voz secou em sua garganta. Não avistou ninguém e, sabendo que a maré não tardaria em cobrir a barreira de corais, correu para a praia.
“Sônia! Sônia!”
Seus gritos foram em vão. O sol começava a se por detrás da mata que circundava a extensa praia. Logo estaria escuro e ela se deu conta que deveria voltar a Taipú de Dentro. Procurou algum indício que a fizesse localizar o local por onde tinha chegado naquele lugar maravilhoso e descobriu a mais bela orquídea que seus olhos já tinham visto.
“Só pode ser por aqui que devo voltar”, pensou, “algo tão lindo não pode esconder perigos.”
Adentrou à mata Atlântica, mas logo a luz do sol, escondendo-se na baía e Camamu, começou a faltar e a menina ficou apreensiva. Tentou apressar o passo, mas era inútil. Tropeçava em cipós que se transformavam em cobras que saíam serpenteando, esbarrava em flores que viravam morcegos e tocava em folhas que provocavam coceira em sua pele adolescente. Conteve-se para não chorar e tentou manter a calma e o olhar a determinado ponto imaginário onde achava que estaria localizada sua casa e o aconchego de seu lar.
A escuridão se abateu sobre a floresta quase que repentinamente. Era noite sem lua e as estrelas quase não eram vista através da densa folhagem.
Cansada e quase em desespero, Zandra sentou-se em uma pedra, na única clareira que conseguiu descobrir no meio da mata. Para tentar se acalmar, aproximou a concha do ouvido e realmente se deu conta de que a sereia não a enganara. O mar cantou forte pela cavidade da concha e ela conseguiu sorrir. Era como se a própria sereia estivesse ali, para que não se sentisse sozinha.
Algo maravilhoso aconteceu então. Uma luz pequenina apareceu, saindo detrás de uma frondosa árvore. Em seguida pareceu esconder-se de novo, para depois se mostrar mais perto, e mais perto, e mais perto. À medida que se aproximava, a luz crescia e, ao chegar a escassos dois metros de onde estava Zandra, mostrou um corpinho delgado, de pouco mais de dez centímetros de altura, com asas de libélula e rosto de duende.
“Você é uma fada?” Perguntou a menina, lembrando-se das histórias que tinha ouvido sobre estes seres maravilhosos que habitavam essa região.
“Sou a fada de Taipú de Fora”, respondeu uma vozinha saindo do centro da luz, sem que a fadinha movesse a boca. “Não tema, Zandra.”
“Não tenho medo. Como você sabe meu nome?”
“A sereia me contou. Foi ela que me pediu que te ajudasse.”
“Não disse meu nome à sereia, mas ela deve ter lido meus pensamentos”, pensou a menina, dando-se conta em seguida que toda vez que colocasse a concha no ouvido estaria em contato com a sereia. “Estou perdida.”
“Vou iluminar seu caminho até sua casa”, informou a fada, balançando um graveto fininho e soltando milhares de pirilampos que iluminaram tudo ao redor. “Siga pela trilha apontada pelos vagalumes e chegará sã e salva em sua casa.”
Depois de mover os lábios, como se sorrisse, a fada de Taipú de Fora brilhou intensamente e desapareceu, deixando os pirilampos a iluminarem o caminho de Zandra. Ela os seguiu através da Trilha Mágica e chegou, algumas horas depois, em sua casa. Ao contar sua história ninguém acreditou e, para se livrar do castigo, fez com que cada um ouvisse o canto do mar na concha presenteada pela sereia. Todos se encantavam e passavam a acreditar em Zandra.
Sônia acabou se tornando amiga da menina e pediu desculpas por tê-la abandonado na Barreta.
A Trilha Mágica acabou sendo engolida pelas construções em Taipú de Fora, mas uma parte dela ainda existe e é preservada pela comunidade local. Alguns dizem que em noites sem lua avistam a fada que ali habita, mas que ela é muito tímida e logo se esconde, mas sempre envia seus pirilampos para iluminar o caminho dos que respeitam a natureza.
De vez em quando também se encontram conchas que soam de forma diferente, uma melodia triste, pela contaminação dos oceanos. Se encontrar alguma destas conchas em Taipú, saiba que ela também guarda o canto de uma sereia que te pede que cuide de nossos mares, rios e florestas, só assim ela voltará a entoar melodias felizes.


domingo, 14 de julho de 2019

OROBOROS

OROBOROS

Ahh... se o vento soubesse
Dos arrepios que ele provoca.
Ahh... se a noite entendesse
Dos mistérios que a escuridão evoca.

Se a luz iluminasse o próprio destelho,
Se a fome alimento gerasse.
Se a imagem se visse refletida no espelho,
Se tudo que é velho fosse o novo que nasce.

Se o homem não se sentisse tão sábio,
Se o ignorante se conhecesse, ao menos.
Se a palavra feia não encontrasse um lábio.
Se aqueles que se julgam grandes se soubessem tão pequenos.

Se, ante a mutabilidade do Universo,
A vida se descobrisse criança,
Perante um destino tão perverso,
A própria morte se reconheceria esperança.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

NINGUÉM NASCE HERÓI

NINGUÉM NASCE HERÓI

Conheci esta obra através do Davi Boaventura, quando ele fazia a leitura crítica de um livro meu, ainda inédito. Ao perceber semelhança de enredo, Davi me aconselhou a lê-lo.
A semelhança do tema realmente existe, um Brasil dominado por uma religião fundamentalista, governado por um presidente que representa o pior lado deste fundamentalismo religioso e onde impera a falta de respeito com as minorias, o racismo e a intolerância. Mas as semelhanças terminam aí.
Confesso que no começo fiquei meio perdido com as catarses criativas do personagem principal, um homossexual (como no meu livro ainda inédito) que ainda acredita em uma reviravolta política que possa devolver ao país a liberdade de expressão e outros direitos cassados pelo sistema governante.
Quando “embarquei” na história e soube separar o que era realidade (dentro do contexto) do que era criado pela imaginação do personagem, foi uma delícia de leitura. Eric Novello tem uma prosa envolvente e extremamente intimista. Cria um ambiente claustrofóbico e ao mesmo tempo carregado da esperança de um grupo de jovens inconformados com esta dificuldade de se locomover, de trabalhar, de amar e até mesmo de respirar em liberdade, sufocados pela atmosfera de culpa imposta pelo regime.
Algo que parece estar já sendo gerado neste Brasil intolerante pós eleição de 2018 e que temos que combater em sua raiz.
Fiquei doido pra ler mais coisas do autor. “Neon azul” já entrou para a lista de desejos urgentes.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

DIÁLOGO SOCRÁTICO

DIÁLOGO SOCRÁTICO

– Qual a importância da filosofia?
– Poucas coisas diferenciam o ser humano de um jumento. A filosofia é uma delas.
– Assim como a inteligência.
– Há muitos jumentos que se acham inteligentes.
– E a poesia?
– Mas a poesia é o mesmo que filosofia em versos, meu caro.
– A percepção da beleza.
– Sim. Isso é inerente ao ser humano. Perceber a beleza é captar a filosofia através dos olhos.
– Mas se tão poucas coisas nos diferenciam dos jumentos, qual o sentido da vida humana?
– Meu caro, esta é a questão filosófica de toda a humanidade. E pode ter a certeza de que nenhum jumento jamais parou para se perguntar isso.


quarta-feira, 13 de março de 2019

VALENTIM (MUNDO DE MIM)

VALENTIM (MUNDO DE MIM)

(Para Thaís, Leo e Valentim)

Montei no cavalo do mundo
E viajei pelas terras do sem-fim.
Flutuei nas águas do mar profundo
E mergulhei pra dentro de mim.

Voei, voei, voei porque sempre asas eu tive
Voei por sonhos nunca sonhados
Voei porque só voando é que se vive
Sobrevoei florestas, planícies e prados.

Conheci as rimas que levo no peito
Quero toda a poesia pulsando lá no fundo
Quero um mundo que para mim foi feito
Quero sonhar, voar, abraçar o mundo.

Quero cuidar desta Terra e amá-la
Que na minha presença não se faça nada ruim
E como sabe que vou respeitá-la
A mãe Natureza também cuidará de mim.


Faça-se a luz para mim!
Venho ao mundo gritando por paz
Faça amor, não faça a guerra!
Muito prazer, Mundo de Mim,
Se seu nome só pode ser Terra
Meu nome só pode ser Valentim!


quinta-feira, 7 de março de 2019

LUA DE MEL ATRASADA

LUA DE MEL ATRASADA

(PARA NAY E ALÊ)

A lua chegou atrasada
Enchendo de ouro o céu
Pintando o mar de prata
Trazendo a doçura do mel.

Saiu atrasada a lua
Cheia de dengo e de mel
Ela me encontrou nua
Dançando entre a praia e o céu.

Pintou de prata a sereia
Bordou de renda sua saia
Fecundou com ouro as estrelas
Iluminou a areia da praia.

Mas quem disse que a lua se atrasa?
Esqueceu que a lua é mulher?
Ela não chega na hora marcada
Ela chega na hora que quer!

domingo, 3 de março de 2019

DEUSES AMERICANOS

Não adianta: Neil Gaiman é um dos meus autores favoritos! E o que é este livro? Algo completamente inesperado e surpreendente. Se bem que, falar de livros do Neil Gaiman é falar sempre de histórias inesperadas e surpreendentes. Desde que li "Buenos Presagios" (li em espanhol. O título em português - Belas Maldições - não é tão interessante quanto o espanhol) fiquei fã incondicional.
Imaginei que "Deuses Americanos" fosse algo próximo ao universo Marvel, ou mesmo pegado à mitologia nórdica, mas é uma aventura espetacular e completamente verossímil dentro do Universo Gaimaniano. De propina ainda ganha um road-book por diversas regiões dos Estados Unidos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O BORBULHAR DO GÊNIO

A Bahia é pródiga de talentos em todos os ramos das artes. Isso é um fato conhecido por todos.
Soube da obra de Saulo Dourado durante a Flipelô de 2018, onde apresentava meu livro “A Namorada do Pequeno Príncipe, juntamente com o próprio Saulo e o excelente Breno Fernandes (que falava sobre “Mendax”, que ainda não li).
“O Borbulhar do Gênio” me pareceu que seria um relato falando mais sobre Ruy Barbosa, principalmente porque é este que está retratado na capa, mas logo me dei conta de que este “borbulhar” estava ligado à genialidade borbulhante desta Bahia que gera talentos desde seu nascedouro. O “borbulhar da genialidade” é condição inequívoca desta terra e, na época retratada no livro (meados do século XIX), era ainda mais evidente, pois a primeira capital do Brasil era celeiro de várias figuras de expressão nacional, entre elas os personagens do livro: Ruy Barbosa e Castro Alves.
Saulo nos faz submergir na história das duas figuras históricas, que conviveram e se admiraram mutuamente durante anos a fio. As lacunas desta história, desconhecidas pela falta de registros, são preenchidas pela imaginação do escritor de forma brilhante, tornando todo o relato verossímil, aproximando o livro de uma biografia romanceada com emoção e talento e abusando, também Saulo, da genialidade borbulhante desta Bahia maravilhosa.
“O Borbulhar do Gênio”, tenho certeza, pode ser inscrito entre as maiores obras de literatura produzidas no país nos últimos anos e Saulo Dourado é merecedor de figurar entre os grandes talentos não só da Bahia, mas de todo o Brasil.
Escrevo ainda sob o efeito da emoção de ter finalizado a leitura deste livro maravilhoso e espero que muitos também o leiam, valorizem a produção nacional e coloquem o livro e seu autor no lugar de destaque que merecem.
Obviamente esta não é uma crítica, já que não sou crítico literário. É uma declaração de amor mesmo! Amor pela literatura, pelos gênios retratados no livro e pela forma elegante, inteligente e inspirada com que Saulo Dourado nos introduz neste universo de inveja (mais por parte de Ruy Barbosa), devoção à poesia (mais por Castro Alves) e pelas letras em geral (de ambos).
Salvador, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, entre 1840 e pouco depois de 1870, fazem pano de fundo para esta obra que nos aproxima destes dois gênios e nos faz conhecer um pouco mais de suas vidas e obras.
Só me resta esperar novas obras deste autor que já está em minha galeria de preferidos com certeza!

sábado, 16 de fevereiro de 2019

CORREIO SUL E TERRA DOS HOMENS

Acabei de ler dois livros de Antoine de Saint-Exupéry.
Confesso que antes de escrever “A NAMORADA DO PEQUENO PRÍNCIPE”, só tinha lido seu livro mais famoso. Sabia que ele tinha escrito outros, mas nunca me interessei. Grande erro!
“Correio Sul” já mostra a genialidade com as letras de Saint-Exupéry, que transforma uma história trágica de amor em uma peça de beleza espantosa. Livro curto que se lê de um só golpe e que atinge seu objetivo da mesma forma: em um ataque curto e certeiro nas emoções que nos movem.
“Terra dos Homens”, além de relatar de forma muito crua e realística os dias que o autor sobreviveu no deserto, juntamente com seu copiloto, nos apresenta todo o universo dos aviadores que desbravaram os céus em aviõezinhos parecidos a aeronaves de brinquedo e criaram rotas até hoje utilizadas pelos voos comerciais. A descrição da quase morte, por desidratação, do padecimento na aridez do deserto e as sensações experimentadas pela ingestão do “néctar da vida”, depois de tantos dias, me apresentaram alguns dos capítulos mais belos que já li até o momento.
Estes livros me mostraram um Saint-Exupéry muito além d’O Pequeno Príncipe e me deixaram com a sensação de que ainda conheço pouco deste maravilhoso escritor.
Na fila de leitura outra obra prima: “Voo Noturno”.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Livro: OS FANZINEIROS

OS FANZINEIROS - BRENO FERNANDES

Lendo apenas a sinopse, tem-se a impressão de que "Os Fanzineiros (Editora FTD - 2018)é uma aventura infanto-juvenil que se passa numa fictícia cidade baiana.
Bom... É e não é!
Apesar do contexto ser bem este e, de quebra situar esta obra de Breno Fernandes num universo compartilhado com mestres desse tipo de literatura, este livro é muito mais que isso.
Partindo do fio condutor, que é a criação de um Fanzine por dois adolescentes (logo outros dois se juntarão a eles), o autor cria um universo completamente verossímil e deliciosamente narrado que nos remete tanto a nossa própria adolescência,com os primeiros amores, as inseguranças, os conflitos de amizade e família, quanto na realidade vivida pelos adolescentes da era virtual, tão afetada pelo bullyng, pelas mídias sociais, pela televisão e - principalmente! - pelas fake news que assolam o nosso cotidiano e que muitas vezes nos fazem duvidar sobre o que é certo e o que é errado, o que é real e o que é invenção.
Lê-se "Os Fanzineiros" com avidez e contentamento. Afinal não é todo dia que encontramos este tipo de literatura, com qualidade narrativa e diversão dosadas na medida certa.
Só resta esperar pelas novas obras de Breno (MENDAX, obra anterior do autor, já está na minha estante, clamando por leitura!).
Ahhhh... O cavalinho alado da foto é só para lembrar do projeto "CAVALOS ALADOS" (mais informações entrem em contato)

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