terça-feira, 4 de dezembro de 2007

UM POEMA SEM IMAGEM

ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO


Pérfida luz que me esconde as sombras.
Por que ocultar-me o assombro desse não-ver?
Não, não é a cegueira que me atrai.
Ao contrário.
O que mais me encanta é a surpresa,
A descoberta,
A inadvertência daquilo que quase se vislumbra.

Sair da sombra pode ser interessante.
Mas mostrar-se à meia-luz instiga muito mais.
Adivinhar ilumina por dentro,
Enquanto desvendar-se pode ser apenas ilusão.


Enquanto caminho por entre as árvores
Talvez perceba um leve sinal de companhia.
Ao sair do bosque pode ser que caia na conta
De que sempre estive em solidão.


À noite os sentidos estão mais aguçados.
De dia é muito fácil enganar-se.
Enquanto a penumbra mostra teu “outro ser”
O mais real caminha na escuridão.


Por isso evito essa luz.
Longe de mostrar-me a verdade,
Pode ludibriar-me os sentidos.
De ribalta basta a vida,
De sentidos compreende melhor a alusão.

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