segunda-feira, 25 de junho de 2007

QUASE TRÊS RUGAS


QUASE TRES RUGAS

De cada lado do olho
O arado do tempo já sulcou a pele.
Os frutos,
Que estranho,
Já maduraram
Antes de colocar a semente.
Os cabelos,
Que já são mais de inverno que de primavera,
Caem fartos...
Ou caem de fartos?
Tudo são prosódias.
Tudo é falácia.
Tudo esquenta antes do tempo
E derrete igual de temporão.
Por que pensar na idade
Se é mais fácil ignorá-la?
E porque ignorá-la
Se é tão bom pensá-la?
Antes frio
Que mal aquecido.
Antes ao entardecer
Que tarde.
Foi tão fora que soprou essa brisa
Que aqui dentro
Essa absurda calmaria
Provoca mais tédio
Que apreensão.
Será que já há sulcos na pele?
Ao lado do nariz ou saindo do vinco dos olhos?
Será que na testa já tem rugas de expressão?
Ou será que toda expressão está por chegar?
Será que o suor ainda corre em linha reta para baixo
Ou percorre os rios horizontais antes de transbordar?

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