quinta-feira, 31 de julho de 2014

MUDE O FOCO!

Você saiu para almoçar com alguém e, na hora que pergunta o que a pessoa vai comer, ela te responde com um “estou tranquilo”, ou com um “to di boa”.
Você sente vontade de esganar a pessoa?
Não pensa que a criatura está de sacanagem contigo?
Não seria melhor ela responder com um “estou sem fome” ou com um “o que você escolher está bom prá mim”?
Já pensou em mudar o foco da sua vida?
Exatamente: O FOCO! Não a forma de viver, a profissão, a cidade ou os gostos. Mas aquilo em que você precisa colocar toda a sua atenção e imprimir a intensidade necessária para que seus sonhos se realizem e você se torne uma pessoa mais feliz consigo mesma.
Muitas vezes ficamos pensando em mudar tudo na vida, mas isso é muito complicado. Pode ser que passemos toda a nossa existência pensando em dar um pontapé em tudo e sumir no mundo. Ou pode ser que nos submetamos a uma vida de resignação, pensando que somos incapazes de mudar o rumo ou o ritmo da nossa história.
Mas existe uma coisa que podemos fazer sem muitos traumas, sem magoar ninguém e sem correr tanto o risco de quebrar a cara mais prá frente: MUDAR O FOCO.
Veja bem: você é daqueles que leva uma vida sedentária, está constantemente na frente do computador, engordando e colando as articulações? MUDE O FOCO! Pense nas suas articulações, em como elas estariam melhor se saíssem para dar um passeio. Pense nos seus olhos que estariam menos cansados se o seu horizonte se expandisse para o resto da casa, para a rua, para a praia. Pense em como você teria até mais disposição ao voltar a sentar-se em frente ao computador e poderia compartilhar novas experiências nas redes sociais.
Você não está contente com seu trabalho, mas também não pode se dar ao luxo de pedir demissão? MUDE O FOCO! Pense no seu trabalho como fonte de renda! Depois pense no trabalho como uma diversão. Logo pense no trabalho como algo prazeroso. Se nada der certo, ao menos você continuará trabalhando enquanto manda um monte de currículos para outras empresas e passe a se FOCAR em arranjar outra ocupação.
Quando mudamos o foco mudamos nossa perspectiva, experimentamos novas sensações e vemos nossa vida de outra forma. Talvez até venhamos a compreender que, durante um almoço, quem nos responda “estou tranquilo”, vai estar querendo dizer que não tem muita fome ou que o que você escolher estará bom para ele também, porque talvez, e só talvez, o FOCO dessa pessoa não seja nem a comida, e sim o prazer de desfrutar alguns momentos ao seu lado.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

EL PULPO A LA GALLEGA Y LOS BRAZOS DE UNA AMISTAD


Durante os 12 anos que vivi na Espanha provei muito da famosa culinária mediterrânea, mas infelizmente deixei de conhecer a bela Galícia, região de alguns dos melhores pratos espanhóis.
Já de volta ao Brasil vou tentando reproduzir alguns pratos que comi ali, mas nunca tinha me aventurado a preparar um dos meus favoritos: pulpo a La gallega. Isso se deveu a duas coisas essenciais. Não encontrava polvos grandes e tampouco o pimentão vermelho em pó e picante que se polvilha por cima dessa iguaria.
Quando minha futura esposa Adriana (vamos nos casar quando eu completar 83 anos e queremos morar em uma residência para terceira idade gay em Barcelona) me visitou aqui na praia de Taipus de Fora, onde moro, e me trouxe o delicioso tempero, essencial à preparação do prato, um dos empecilhos foi superado.
Esta semana o Jonaldo me trouxe um polvo enorme, que ele mesmo caçou, e ficou resolvido o segundo problema.
Peguei a receita na internet e coloquei mãos à obra.
Enquanto cozinhava, como é de costume, comecei a lembrar de coisas do passado.
Veio-me à mente uma cena que compartilhei com Adriana em março de 2010...
Estava cuidando do meu amado Jair no Hospital de La Esperanza, em Barcelona. Eram tempos difíceis, por razões que todos já sabem...
Como fazia cada final de tarde, dei banho no Jairzinho, coloquei-lhe roupa limpa e o coloquei na cama, quase tudo isso assistido por Adriana. Logo me sentei ao seu lado no sofá do quarto de hospital e começamos a conversar.
Lá pelas tantas a Adriana me disse.
_ Aiii, Mario... Você bem que podia ser um pulpo!
Eu não estranhei que ela utilizasse palavras espanholas no meio de uma frase em português ou vice-versa. Adri sempre adorou misturar os dois idiomas (ou três, quando havia algum catalão por perto) e isso sempre fez com que sua dialética adquirisse um charme todo especial e me deixasse em estado de graça cada vez que conversássemos sobre qualquer tema. Mesmo porque, quando é algo que interesse à Adriana ela fala... E fala... E fala...
_ Porque você queria que eu fosse um polvo? _ perguntei, sem que houvesse conotação sexual nenhuma nessa tradução. Explico: “polvo” dito em espanhol é algo assim como um ato sexual...
_ Porque se você fosse um pulpo teria oito braços prá me abraçar!
Depois de controlar o riso disse a ela:
_ Sabe Adriana? Os amigos, tal qual os polvos, sempre tem muitos braços para nos abraçar. Esses braços nos alcançam nos momentos mais inesperados. Nem sempre estão por perto, nem sempre estão disponíveis, nem sempre estão visíveis, mas esses braços sempre nos trazem carinho, nos devolvem a ilusão e nos fazem enxergar a vida com mais beleza e com menos peso, e ainda tem a vantagem de não nos sufocar com o aperto.
Envolvi a Adriana em um abraço de oitenta braços e ficamos em silêncio, observando nosso amigo que descansava tranquilamente, envolto, ele também, no nosso abraço de amor.

p.s. O "PULPO A LA GALLEGA" ficou delicioso!!!! Sérgio, Jonaldo e eu comemos de lamber os dedos. Infelizmente não tínhamos uma cerveja Estrella Galicia para acompanhar, mas a Skol bem gelada serviu.

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