quarta-feira, 2 de agosto de 2017

ANGELS

PRIMEIRO BEIJO ENTRE ALFREDO E NOAH

Alfredo suspirava aliviado, enquanto a bexiga se esvaziava lentamente. Havia uma caixa de som no banheiro e ele seguia a música, tentando cantar baixinho, sem entender o que a letra queria dizer. Sua noção do idioma inglês era demasiado básica para que pudesse compreender a mensagem transmitida pela canção:
I sit and wait
Does an angel contemplate my fate
And do they know
The places where we go
When we're grey and old
'Cause I have been told
That salvation lets their wings unfold
So when I'm lying in my bed
Thoughts running through my head
And I feel the love is dead
I'm loving angels instead

Alfredo não percebeu quando Noah se aproximou, repetindo a letra, baixinho. Pensou que sonhava quando a voz foi soprada diretamente em seu ouvido e a respiração do amigo aqueceu aquele recanto entre a orelha e o pescoço. Seu corpo se arrepiou quando parou de urinar, como se um anjo tivesse escaneado seu corpo – ou seria pelo hálito quente do arquiteto em sua pele? – Fechou os olhos, sonhou com os lábios de Noah e, quando sentiu os braços enlaçando-o por trás, entregou-se aos devaneios impossíveis. Deu a volta, sem ousar abrir os olhos, e entregou seus próprios lábios, como quem dedica uma parte de si para manter alguém que ama respirando.
A língua macia de Noah aventurou-se por entre os dentes de Alfredo, abrindo caminho, buscando saliva e espalhando prazer. Passaria ali o resto da noite se fosse preciso. Apertou o corpo do jovem estoquista contra o seu e sentiu o sexo do outro crescendo entre suas pernas. Abriu os olhos para mergulhar naquele abismo escuro e sedutor do olhar de Alfredo e finalmente conseguiu se afastar apenas o suficiente para sussurrar:
– Vamos embora daqui?


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