domingo, 14 de julho de 2019

OROBOROS

OROBOROS

Ahh... se o vento soubesse
Dos arrepios que ele provoca.
Ahh... se a noite entendesse
Dos mistérios que a escuridão evoca.

Se a luz iluminasse o próprio destelho,
Se a fome alimento gerasse.
Se a imagem se visse refletida no espelho,
Se tudo que é velho fosse o novo que nasce.

Se o homem não se sentisse tão sábio,
Se o ignorante se conhecesse, ao menos.
Se a palavra feia não encontrasse um lábio.
Se aqueles que se julgam grandes se soubessem tão pequenos.

Se, ante a mutabilidade do Universo,
A vida se descobrisse criança,
Perante um destino tão perverso,
A própria morte se reconheceria esperança.

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