domingo, 24 de dezembro de 2017

CONTO DE NATAL

O MENINO E O NATAL

O menino olhou para o papai Noel, sentado em uma poltrona enorme, no centro comercial. Seu olhar era mais de indiferença que curiosidade. O homem, mesmo notando o desinteresse do garoto, o chamou para perto.
“Não quer tirar uma foto com papai Noel?” Perguntou.
“Não!” Respondeu o menino, de forma taxativa.
“Toda criança gosta de tirar fotos com papai Noel. Posso perguntar porque você não quer?”
“Meu pai me explicou que papai Noel não existe, que esta roupa é como uma fantasia de carnaval que se usa para vender mais coisas no fim do ano e que essa história de voar em renas é invenção dos vendedores de brinquedos.
O pai observava a cena, orgulhoso dos ensinamentos dados ao filho, enquanto o papai Noel fazia uma carinha de tristeza bem teatral, mas logo abria um sorriso e trazia o menino ainda mais para perto.
“ Seu pai tem toda razão. Não há que comprar nenhum presente por obrigação, só por ser natal; não há porque dar abraços mais apertados, só por ser natal; não há que falar com os amigos, com a família, com desconhecidos, só por ser natal; não há que usar esta fantasia, só por ser natal.” Ele fez uma pausa, para constatar a cara de felicidade do pai e a mesma falta de expressão do menino, e continuou: “Entretanto, eu vejo isto tudo – abriu os braços e olhou para cima, para que pai e filho observassem a bela decoração que tinha sido colocada em volta da poltrona, com árvores enfeitadas, neve de algodão, bonecos imitando anões, renas e outros bichos – e penso que o natal foi feito também para nos lembrar que devemos fazer isso tudo, todos os dias do ano, assim todos os dias serão dias de Natal.”
O menino pareceu suavizar a expressão do rosto, enquanto o pai se aproximava, mostrando-se mais interessado na conversa do homem fantasiado.
“Agora, meu amiguinho – papai Noel pegou uma dessas bolas de vidro, com paisagem dentro, e mostrou ao garoto – Está vendo esta árvore aí dentro, esta casinha com chaminé e esta neve no chão?”
“Sim.”
Papai Noel agitou a esfera e as bolinhas de isopor flutuaram e começaram a cair novamente sobre a árvore e a casinha.
“Agora, se fechar os olhos e desejar com todas as suas forças que o natal seja de verdade, verá o papai Noel verdadeiro chegando nesta casinha para deixar seu presente.”
O menino fechou os olhos com força e os abriu depois de alguns segundos. Ficou maravilhado com o que viu. Um pequeno trenó realmente voava entre os flocos de neve e deixava cair uma caixinha pela chaminé da casa. Olhou então para o bom velhinho e pensou que agora sua barba era real, que as bochechas rosadas eram por causa da neve que começou a cair sobre o cenário do centro comercial e que as renas que pastavam em volta o observavam.
O papai Noel sorriu e abriu a mão esquerda, mostrando que ali escondia uma pequena caixa de presente, bem parecida com aquela que o papai Noel da esfera de vidro tinha deixado cair pela chaminé. Ele entregou o presente ao menino.
“Feliz Natal, meu amiguinho!”
O menino, com um largo sorriso, se lançou ao pescoço do bom velhinho, abraçou-o com força e finalmente descobriu a magia do Natal. O pai, sem outra alternativa, também sorriu e bateu uma foto, registrando aquele momento e prometendo que nunca mais diria ao filho que Natal não existe.
FELIZ NATAL A TODOS.

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