MUITOS TONS
_ Só tenho meia hora!
Ela não se surpreendeu. Recebeu-me com o mesmo sorriso e me convidou a entrar.
_ Vamos fazer esta meia hora render! _ Contestou.
Seus olhos brilhavam com a expectativa de me subjugar e fazer com que me rendesse aos seus pés.
Fez-me deitar ali mesmo, na varanda, e estirar músculos e nervos, já antevendo que eu realmente sofreria em suas mãos nos trinta minutos seguintes.
A cada urro meu regozijava-se ela! A cada novo toque, nova sensação de pujança! A cada intervalo neste pega e afrouxa um momento de delírio e êxtase que não chegava a ser um “quero mais”, mas um “estou chegando ao meu fim” talvez.
Suávamos os dois. Eu, obviamente, muito mais que ela, pois, entre subidas e descidas, gemidos e gritos, me extenuava a cada nova estocada.
Ela não se dava por satisfeita. Parecia querer me ver acabado, sem forças para voltar para casa. Parecia desejar ardentemente que eu esgotasse ali, em sua varanda, toda a energia de que dispunha e não economizasse nada para o que viria depois.
Era perspicaz, inteligente e visceral. Quando via que eu esmorecia me incentivava com um "estamos quase lá" ou um "você hoje está foda".
A meia hora se esgotou e ainda não tínhamos chegado ao fim. Ela se estendeu propositalmente, eu sei, para aumentar meu sofrimento e minha agonia, ante a possibilidade de um anticlímax que poderia ser fatal para esta relação dominadora/dominado.
Quando finalmente acabamos fugi dali, com as pernas ainda bambas, os músculos latejando e o corpo todo entregue à débil agonia do dever cumprido.
Cheguei em casa prometendo a mim mesmo nunca mais falar para minha personal training que a aula de funcional, que normalmente faço em uma hora, deveria fazer em apenas trinta minutos.
Para minha teacher Maryel Boff
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